UPK - Boletim 02 - Nothobranchius rachovii
A UPK – União Paulista de Killifishes foi o grupo pioneiro de aquaristas e criadores de killifishes em São Paulo, quiçá do Brasil, desde 1984 (segundo dados do primeiro Boletim nº00 de 1989 e como testemunha ocular). Transcrevemos esse terceiro boletim com ciência e anuência do Biólogo Júlio Cezar Ghisolfi que é um dos fundadores da UPK.
UPK – Boletim 02 2-4
A PALAVRA DO PRESIDENTE
Chegamos ao nosso terceiro número, e com satisfação constatamos a grande receptividade e interesse crescente por nossas atividades, assim como pelas espécies encontradas no mercado.
Temos recebido palavras de apoio de associações estrangeiras, bem como aumentado o número de associados, os quais já estão recebendo por mala direta boletins, cópias xerográficas de artigos, descrições de novas espécies, além de um encarte extra.
Hoje, no mercado aquarístico, já se encontra uma grande variedade de espécies de killie, principalmente africanos, os quais no passado acreditamos terem sido comuns, pois revendo a escassa literatura nacional constatamos várias citações destas espécies, porém estes peixes por algum motivo desapareceram do mercado por um longo período, retornando agora.
Se no passado houvesse uma associação onde o intercâmbio de informações e troca de espécies evitaria-se a consanguinidade e talvez estas espécies não tivessem desaparecido, o que seria bom para comerciantes, criadores e hobistas.
Vamos portanto nos unir para tentar evitar que tal fato se repita num futuro próximo.
Celso
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DICAS DE CRIADOR
Aconselhamos utilizar nos aquários de reprodução grande quantidade de plantas, de preferência Microsorium pteropus e Vesicularia dubyana, pois são plantas que não necessitam de uma grande quantidade de luz para se desenvolver, bem como aceitam as condições de água ideais para a maioria dos killifishes. As plantas apresentam dupla utilidade, pois proporcionam abrigo para as fêmeas e alevinos, além de atuarem como “purificadoras” do meio.
Devemos utilizar no fundo do aquário cascalho rolado neutro de rio, pois além de funcionar como substrato para desova de algumas espécies, o mesmo auxilia na manutenção da biologia do aquário.
Não recomendamos este meio de substrato para espécies as quais desovam mergulhando, por exenplo Cynolebias whitei e Campellolebias brucei.
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UPK – Boletim 02 3-4 e 4-4
UM KILLI EM DESTAQUE
Nothobranchius rachovii Ahl, 1926
Peixe descrito por Ahl a partir de exemplares mantidos em aquário por A. Rachow e provavelmente das cercanias de Beira, Moçambique. Esta espécie é encontrada em poças temporárias na Planície Costeira de Moçambique, sendo o limite ao norte de sua distribuição Quilimane e ao Sul a porção setentrional do Parque Nacional Kruger na fronteira entre a República da África do Sul e Moçambique (14°59’E e 19°40’S), isto compreende uma área de aproximadamente 800 km, o que explica algumas variações de coloração.
Na natureza é frequentemente encontrado simpátrico a N. orthonotus.
Com certeza podemos afirmar que existe uma linhagem sendo mantida em cativeiro há mais de 19 anos sem apresentar alteração de coloração em relação aos exemplares selvagens.
O macho atinge um tamanho máximo de 6cms, sendo a fêmea um pouco menor. Possui o corpo recoberto por escamas azul turquesa metálico com os bordos vermelho alaranjado, formando barras verticais. A nadadeira caudal tem a base azulada com pontos vermelhos confluentes formando manchas, o centro é alaranjado e o bordo preto. As nadadeiras peitorais e a ventral são transparentes com manchas alaranjada e bordos azul pálido. A fêmea apresenta-se com coloração verde oliva clara e reflexos dourados sendo as nadadeiras transparentes.
Para reprodução utilizamos um macho e 2 ou 3 fêmeas acondicionados em um aquário de 8 a 10 litros, o fundo coberto por uma camada de turfa ou xaxim ou esfagno ou areia fina, o qual irá servir como substrato para a desova.
A água deve ser desclorificada, temperatura entre 22 e 24°C e o pH entre 6,4 e 7,8, desde que não haja mudanças bruscas. A água alcalina dificulta o aparecimento de Oodinium, doença muito frequente nas criações de Nothobranchius, para mantermos a água alcalina utilizamos fragmentos de coral.
Uma semana após a colocação dos peixes no aquário devemos retirá-los e coarmos o substrato através de uma malha fina, a qual deverá ser fortemente comprimida para ser retirado o excesso d’água, a seguir colocaremos o material entre folhas de jornal até conseguirmos a umidade ideal (fumo para cachimbo), normalmente entre 12 e 24 horas. O próximo passo será fechar este material dentro de um saco plástico inflado com ar atmosférico e identificando-o com o nome da espécie e a data, deixando-o em local escuro e quente.
A cada 2 meses devemos observar o desenvolvimento dos embriões, quando estes preencherem completamente o ovo, os colocaremos em água (altura máxima de 2 cm) e aguardaremos o nascimento dos alevinos o que se dará em horas.
Após 48 horas passaremos os alevinos para outro aquário e repetiremos com o substrato a operação de secagem, pra em 15 dias molhá-lo novamente a fim de obtermos mais alevinos.
Como 1ª alimentação devemos usar microvermes e infusórios, passando em uma semana para náuplios de A. salina.
O crescimento é rápido, sendo que entre 3 a 4 meses já estarão sexados.
Trocas parciais de água frequentes são muito benéficas.
Os adultos alimentam-se de pastas, alimentos vivos e patês.
São extremamente susceptíveis ao Oodinium, razão pela qual a adição de sal não refinado, na proporção de 1 colher de chá para 4 litros é imperativa.
Para tratamento do Oodinium preconizamos sulfato de cobre 0,1% sendo que desta solução utilizamos 1 mL para cada litro em banhos de 1 minuto. Verde de Malaquita 0,75% na proporção de uma gota para 4 litros também é uma boa opção.
Atualmente se conhece um método de incubação dos ovos em apenas 30 dias, secando-os por apenas uma semana, em breve voltaremos a este assunto, o qual está revolucionando a criação, deste que é considerado um dos mais belos peixes de água doce.
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