UPK - Boletim 03 - Aphyosemion bualanum
A UPK – União Paulista de Killifishes foi o grupo pioneiro de aquaristas e criadores de killifishes em São Paulo, quiçá do Brasil, desde 1984 (segundo dados do primeiro Boletim nº00 de 1989 e como testemunha ocular). Transcrevemos esse quarto boletim com ciência e anuência do Biólogo Júlio Cezar Ghisolfi que é um dos fundadores da UPK.

UPK – Boletim 03 2-8
A PALAVRA DO PRESIDENTE
Nestes últimos anos tenho me dedicado de corpo e alma para tornar o sonho de cinco amigos uma realidade, sacrificando inclusive interesses pessoais e familiares para que isto ocorresse, tudo valeu a pena pois a UPK é hoje uma realidade. Somos conhecidos em nível nacional, conseguimos realizar dois cursos introdutórios a criação e manutenção de Killies em cativeiro, fizemos uma apostila na qual oferecemos uma visão global sobre Killies, criamos espaço em todas as publicações sobre aquários, direta ou indiretamente, realizamos e patrocinamos uma grande quantidade de coletas, reintroduzindo no hobby diversas espécies, fizemos também um grande número de palestras em São Paulo e Rio de Janeiro, fomos responsáveis pela introdução de mais de 50 espécies na aquariofilia nacional, algumas já desaparecidas; o sonho do boletim se tornou realidade e a UPK hoje existe.
Foi uma luta árdua e os objetivos foram sendo conquistados e hoje me orgulho de ter sido em dos fundadores da UPK. Na época em que a UPK era um sonho distante na cabeça de cinco aquaristas fui eleito presidente por aclamação, porém 5 anos se passaram e o destino nos tinha reservado uma surpresa; dois de nossos fundadores não mais residem em São Paulo e mantendo contacto semanal por telefone não temos mais a convivência do dia a dia, dois outro por motivos profissionais estão um pouco afastados de nossas atividades, embora se fazendo presente sempre que possível.
Diante destes fatos acredito que deva ser questionada nossa posição de presidente e vice da UPK, pois afinal aqueles que nos elegeram não estão no momento atuando no cotidiano de nossa União, passo a palavra para a atual diretoria na qual a alguns membros que não acompanham o meu raciocínio, reservando este espaço de nosso próximo boletim para um posicionamento.
Celso Albino Gouvea Lopes e Júlio César Ghisolfi
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UPK – Boletim 03 3-8 a 5-8
O KILLI EM DESTAQUE
Aphyosemion bualanum (Ahl, 1924)
Peixe do gênero Aphyosemion, descrito por Ahl em 1924, encontrado no Continente Africano na região noroeste entre a República dos Camarões e a República da África Centras, próximo à cidade de Buala. Seus habitats originais são as savanas e o planalto central.
Tem como principal característica a forma típica dos Aphyosemion, com corpo alongado e cilíndrico, apresentando barras verticais vermelhas, desde a cauda até a abertura do opérculo.
Apresenta ao longo do corpo várias tonalidades de cores (verde, amarela ou azul) de dorso ao ventre. A cabeça apresenta-se em geral com uma listra vermelha que vai do maxilar até o olho, e três outras listras vermelhas enviesadas por cima do opérculo.
As nadadeiras dorsal e ventral têm listras e manchs vermelhas sobre o fundo azul esverdeado. A nadadeira caudal também apresenta manchas sobre o fundo azul esverdeado e na sua margem externa, fixas horizontais branco azuladas. As nadadeiras peitorais têm a mesma coloração da caudal.
As fêmeas são marrom acinzentadas com numerosos pontos vermelhos, em faixas pálidas semelhantes às do macho.
No Continente Africano são encontradas várias populações de A. bualanum, que variam principalmente pelo colorido exuberante e pela localização de origem. E é importante frisar que as populações devem ser mantidas separadas, pois com o cruzamento indevido, a chance de nascerem peixes estéreis é muito grande.
Vide figuras 1 e 2.
A criação do Aphyosemion bualanum requer um pouco mais de dedicação que outras espécies de killies, pois necessita de cuidados especiais, como água límpida, pouca iluminação, vegetação abundante como Microsorium pteropus, Vesicularia dubyana (musgo de Java), Ceratopteris thalictroides (samambaia d’água). e pH variando de levemente ácido até alcalino (6,8 até 7,5);
Esta espécie assim como os outros Aphyosemion, aceita qualquer tipo de alimento, dando preferência a alimentos vivos como tubifex, artêmias, dáfnias, larvas de insetos e etc…
Com o casal bem adaptado ao aquário após duas a três semanas podemos encontrar ovos na “bruxinha” ou na vegetação, que podem ser conservados em turfa úmida ou mantidos junto aos pais aguardando a eclosão. Alguns autores afirmam que não existe inconveniente em manter os alevinos junto aos pais, pois o canibalismo não é comum nesta espécie de Aphyosemion, demonstrando assim sua docilidade.
Os ovos eclodirão em aproximadamente 20 dias; os alevinos nascem muito pequenos devendo preferencialmente ser alimentados com infusórios ou Anguillula silusiae (microvermes), quando então estarão aptos a se alimentar com náuplios de artêmia.
Uma grande dificuldade da criação do Aphyosemion bualanum é a lentidão do seu crescimento, que só se tornam sexualmente diferenciados após quatro meses do nascimento.
Apesar de existirem alguns fatores negativos em torno da criação e manutenção do A. bualanum em cativeiro estas dificuldades tornam-se pequenas e plenamente superáveis, frente a extrema beleza e variações desta espécie.
Vide figuras 3 a 7
Texto escrito por:
Augusto Andrade
Antônio Moreira
Dalton Nielsen
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