UPK - Boletim 05 - Epiplatys dageti
A UPK – União Paulista de Killifishes foi o grupo pioneiro de aquaristas e criadores de killifishes em São Paulo, quiçá do Brasil, desde 1984 (segundo dados do primeiro Boletim nº00 de 1989 e como testemunha ocular). Transcrevemos esse sexto boletim com ciência e anuência do Biólogo Júlio Cezar Ghisolfi que é um dos fundadores da UPK.

UPK – Boletim 05 2-8
A PALAVRA DO EDITOR
É com grande satisfação que escrevo estas linhas, pois nosso boletim está atingindo o seu 1º ano, a batalha foi árdua e os acidentes de percurso foram grandes, mas os resultados não poderiam ser mais gratificantes, afinal hoje a UPK é reconhecida. Não poderíamos deixar de agradecer a todos que direta ou indiretamente nos ajudaram a fazer este informativo neste 1º ano, não só esperamos que continuem como também que novos colaboradores cheguem para nos ajudar a fazer uma coisa cada vez melhor. Para crescer necessitamos da colaboração de todos gostaríamos de ter um contato mais frequente com nossos associados que não residem em S. Paulo, portanto mãos à obra, nos escrevam reclamando, sugerindo e perguntando, pois só assim conseguiremos uma associação forte. A UPK estará, em conjunto com a APLA, atendendo convite do Instituto Oceanográfico da USP, realizando de 19/08 a 15/09/90 a 1º EXPO-AQUÁRIO, nos recintos deste último, sito à Praça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária de São Paulo. Será um evento exclusivamente cultural, onde esperamos poder nos conhecer ou rever. ATÉ LÁ.
Celso A. G. Lopes.
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UPK – Boletim 05 3-8 a 5-8
O KILLI EM DESTAQUE
Epiplatys dageti monroviae Arnoult & Daget, 1964
A história deste peixe é bastante confusa. Foi descrito por Peters (1863) recebendo o nome de Poecilia sexfasciata, baseado em um único exemplar proveniente da Libéria. Em 1868, o próprio Peters o reclassificou como espécie tipo de um novo gênero Lycocyprinus. Os primeiros exemplares vivos deste peixe foram exportados para a Alemanha em 1908, sendo a origem destes peixes Manróvia, Libéria. Boulenger (1915) e Myers (1933) o classificaram como Epiplatys chaperi, sendo que o último autor sinonimizou Lycocyprinus com Epiplatys, até que em 1964 Arnoult & Daget desfizeram a confusão e o classificaram como sub espécie de Epiplatys dageti ou seja Epiplatys dageti monroviae. Para complicar ainda mais, Scheel (1968) e Radda (1979) consideraram Epiplatys como sub gênero de Aplocheilus, sendo esta nomenclatura ainda encontrada em trabalhos recentes, por exemplo Atlas of Killifishes of the Old World, Scheel, TFH, 1990. Parenti em sua Análise filogenética e biogeográfica dos peixes cyprinodontiformes (1981) enumera características suficientes para manter Epiplatys como gênero separado de Aplocheilus.
Ocorre em pântanos e cursos d’água nos arredores de Monróvia, capital da Libéria, sendo encontrado em alguns locais simpátrico a E. annulatus. Possui corpo cilíndrico, comprimido lateralmente e achatado na sua extensão superior (do latim epi = em cima; platys = achatado). A nadadeira dorsal é pequena e implantada próxima à caudal. A boca é grande como também o são os olhos que possuem córneas bem reflexivas. Os machos medem de 4,5 a 5,5cm, possuem o corpo cinza esverdeado e apresentam de 5 a 7 barras verticais negras, sendo a primeira acima da inserção das nadadeiras peitorais e a última na base da nadadeira caudal, em alguns exemplares estas barras podem ser incompletas. As nadadeiras são amarelo esverdeadas, sendo que a anal e caudal são bordeadas de preto, e os raios inferiores da última são mais prolongados formando uma “espada”. A região da garganta apresenta manchas negras bem delimitadas sobre fundo alaranjado, os lábios são negros. As fêmeas são ligeiramente menores, apresentam as nadadeiras transparentes e colorido mais modesto. Peixe encontrado com frequência no mercado, é bastante rústico, não sendo exigente quanto às condições de água e temperatura, o pH pode ser entre 6,2 e 7,4 e a temperatura entre 18 e 26ºC desde que não haja mudanças bruscas. Embora alguns autores preconizem intolerância ao sal, adiciono 1 colher de chá de sal não refinado para cada 4L rotineiramente. São tímidos, excelentes saltadores e a utilização de plantas flutuantes parece inibir esta tendência. Passam a maior parte do tempo ao nível da linha d’água e convivem bem em aquários comunitários. A alimentação não é problema pois aceitam tanto alimentos vivos como congelados ou flocos. Para reprodução devemos preparar um aquário de no mínimo 15 litros com cascalho de média granulometria no fundo, vegetação abundante para propiciar refúgio aos alevinos, e plantas flutuantes. Ao contrário da maior parte dos killies, não recomendo o uso de trios. Experiências realizadas me convenceram que o nº de ovos não aumenta com a utilização de duas fêmeas, pois acredito que a fêmea que não está sendo perseguida pelo macho, devora os ovos já depositados. Para reprodução o pH ideal é 7,2 e a temperatura entre 22 e 24ºC. Para a desova utilizo bruxinhas, sendo que diariamente retiro os ovos passando-os para outro aquário, se tivermos vegetação abundante podemos deixar os ovos eclodirem no próprio aquário e tão logo notemos a presença de alevinos, devemos separá-los dos pais para evitarmos o canibalismo, neste método os pais devem estar muito bem alimentados e eventualmente os alevinos podem se desenvolver na companhia dos pais. Os ovos são transparentes, medem aproximadamente 1mm de diâmetro e o período da incubação varia entre 12 e 21 dias dependendo da temperatura, que quanto mais elevada for, mais rápido ocorre o desenvolvimento. Os alevinos são pequenos e devem receber, nos primeiros dias, infusórios. Ao final da 2ª semana passam a aceitar náuplios de Artemia. O crescimento é bastante lento e trocas parciais e frequentes da água são muito benéficas. Se mantidos em condições ideais são extremamente resistentes a doenças e vivem longos períodos.
Celso A. G. Lopes.
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