Sugestão de vídeo (YouTube) 24-12-05
Qualidade da Água na Piscicultura: Entrevista com Nilton Ishikawa
No primeiro episódio do Aquacast, Thiago, da AquaGermany, conversa com o médico veterinário Nilton Ishikawa, especialista em patologia de peixes e com ampla experiência em nutrição aquícola. Nilton, conhecido como Paraca, é fundador do aplicativo AquaIn, da plataforma AquaIn Loco e do AquaIn Consult, que oferecem informações, produtos e assistência técnica para piscicultores. Ele também é o idealizador do Simpop (Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná).
A entrevista aborda a importância crucial da qualidade da água para o sucesso da piscicultura, com foco nos seguintes tópicos:
● A água como fator primordial:
Nilton enfatiza que a água representa 51% do negócio, sendo mais importante do que genética, nutrição e manejo. Ele destaca que a qualidade da água, especialmente em tanques escavados, é extremamente dinâmica, exigindo monitoramento constante e ajustes para manter o equilíbrio.
● Parâmetros essenciais:
○ Temperatura:
A temperatura influencia diretamente o metabolismo e o comportamento dos peixes. É fundamental monitorá-la, principalmente em tanques escavados, onde as oscilações são mais rápidas.
○ Oxigênio dissolvido:
A falta de oxigênio causa estresse, reduz o desempenho, afeta a digestão, diminui o aproveitamento dos nutrientes e aumenta a poluição da água por amônia e nitrito. Investir em equipamentos de aeração é essencial para garantir níveis adequados de oxigênio e evitar perdas.
○ Saturação de oxigênio:
A saturação indica a capacidade da água de reter oxigênio, sendo influenciada pela temperatura. Em temperaturas mais altas, a saturação diminui, o que explica a maior necessidade de aeração no verão.
● Algas:
As algas são importantes como alimento e produtoras de oxigênio durante o dia. No entanto, o excesso de algas causa grandes oscilações de oxigênio e pH, prejudicando os peixes. É recomendado manter uma transparência da água entre 30 e 35 cm para controlar o crescimento excessivo de algas. Ferramentas como disco de Secchi, microscópio e análise da coloração da água podem ser usadas para monitorar as algas.
● pH:
O pH ideal é aquele com menor oscilação possível, pois variações bruscas estressam os peixes. As algas influenciam o pH, pois consomem CO2 durante o dia e produzem CO2 durante a noite. A alcalinidade da água atua como um tampão, estabilizando o pH.
● Alcalinidade:
A alcalinidade ideal para a água é acima de 50 mg/L, atuando como um tampão para o pH. Fontes de cálcio e magnésio, como cal virgem, cal hidratado e calcário, podem ser usadas para corrigir a alcalinidade. A escolha do produto depende do custo-benefício e da velocidade de ação desejada.
● Amônia:
A amônia é um dejeto proveniente da decomposição da ração não absorvida pelos peixes. A toxicidade da amônia é influenciada pela temperatura e pelo pH. Níveis altos de amônia resultam em nitrito, que é altamente tóxico para os peixes.
● Bactérias nitrificantes:
Bactérias nitrificantes, como Nitrosomonas e Nitrobacter, decompõem a amônia em nitrito e, posteriormente, em nitrato, um adubo benéfico. Essas bactérias são sensíveis à temperatura e à falta de oxigênio. Aeração adequada e o uso de probióticos ajudam a manter a eficiência das bactérias nitrificantes.
● Sal:
O sal é um tratamento eficaz para o nitrito, pois compete com o nitrito na absorção pelas brânquias dos peixes. Em casos de amônia alta, o uso de sal também é recomendado, já que a amônia será convertida em nitrito. Renovar a água do tanque, se possível, ajuda a diluir o nitrito.
● Sulfato de cobre:
O sulfato de cobre é um produto controverso, pois não possui registro para uso em piscicultura e pode ser tóxico para os peixes se usado incorretamente. É importante realizar análises de água, especialmente de alcalinidade, antes de usar sulfato de cobre.
A entrevista termina com a recomendação de Nilton para que os piscicultores monitorem e ajustem constantemente a qualidade da água, garantindo um ambiente ideal para o desenvolvimento dos peixes.